sábado, 17 de outubro de 2009

O homem não foi à lua?

Introdução

"Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade" - foi o que disse Neil Armstrong, no dia 20 de julho de 1969, para quase 1 bilhão de pessoas que o ouviam ao vivo na Terra. Hoje, passados mais de 35 anos, algumas pessoas acham que ele deveria ter acrescentado: "Acredite... se quiser!".

Existem pessoas que afirmam que o homem nunca foi à Lua e que todas as fotos e filmagens exibidas pelas várias missões espaciais foram forjadas pela NASA em um estúdio da Área 51 (famosa por outras teorias da conspiração, como o caso Roswell). Segundo estas pessoas, a NASA decidiu enganar o mundo inteiro quando descobriu que não poderia vencer os soviéticos na corrida espacial. Ainda mais grave: alguns dizem que a explosão que matou três astronautas em 1967 não foi um acidente, mas o assassinato dos homens que se recusavam a colaborar com a farsa.

O mito de que o homem não foi à Lua não é novo mas até hoje só encontrava eco em pessoas com pouca ou nenhuma formação acadêmica. Mas em 2001 algo novo aconteceu. No auge da popularidade do seriado "Arquivo X", o canal FOX exibiu o documentário "Conspiracy Theory: Did We Land on the Moon?" ("Teoria da Conspiração: Nós fomos à Lua?", disponível na sua rede P2P favorita). Apresentado pelo ator Mitch Pileggi (o diretor assistente Skinner na série), o programa é um dos maiores exemplos de mau jornalismo que já se viu na TV. Ao exibir as evidências da suposta farsa sem permitir que os cientistas as esclarecessem (o programa é permeado por esparsos comentários de um representante da NASA mas tão vagos e fora de contexto que acabam funcionando a favor da conspiração) o programa não só deu credibilidade à conspiração da Lua como ainda endossou a idéia de que a NASA teria assassinado seus astronautas. Muito bom para um episódio de Mulder e Scully mas não para o mundo real.

Desde então, impulsionado pela popularidade da FOX e transmitido aos quatro cantos pela internet, o mito se alastrou. No Brasil, talvez alimentado por um forte sentimento anti-americano, o mito encontrou nestes tempos bicudos um terreno fértil para prosperar. Não há números oficiais mas é possível constatar em blogs e listas de discussão que é grande o número de jovens estudantes e até professores que duvidam - seriamente - que o homem pisou na Lua (o documentário da FOX afirma que 20% dos americanos duvidam que o homem foi à Lua mas, considerando-se a fonte, esta estatística deve ser encarada com suspeita).

O pai do mito de que o homem nunca pisou na Lua é o americano Bill Kaysing. Entre 1957 e 1963, Kaysing trabalhou como catalogador na Rocketdyne, empresa que fornecia peças para a NASA e em 1974 lançou o livro "Nós nunca fomos à Lua" ("We Never Went to the Moon"). A única formação acadêmica de Kaysing é o título de bacharel em Inglês, curso que fez em 1949. Uma entrevista com Bill Kaysing, em áudio e vídeo, pode ser encontrada aqui. Aqui no Brasil, nosso mais ativo representante é o diretor e professor de cinema André Mauro. Mauro tem um livro publicado sobre o tema - "O Homem não pisou na Lua" (que por algum tempo esteve em todas as bancas de jornais do Rio de Janeiro) - que já lhe rendeu uma aparição no programa de entrevistas do Jô Soares. Embora seu site não acrescente nenhuma informação nova ao mito, Mauro se distingue por ter diversificado sua incredulidade. Além de não acreditar que o homem foi à Lua, Mauro também não acredita na bomba atômica, nos buracos negros, na teoria da relatividade, nos atentados terroristas de 11 de setembro, que Saddam Hussein tenha sido capturado pelos americanos durante a invasão do Iraque e nem que a Terra gira ao redor do Sol (!!); na sua versão do naufrágio do Titanic o culpado não foi um iceberg, mas uma organização Jesuíta e, como seria de se esperar, defende o mito das mensagens subliminares a ponto de espelhar o conteúdo dos sites evangélicos sobre o tema.

A maior parte dos argumentos utilizados por Bill Kaysing, André Mauro e outros conspiracionistas da Lua para tentar provar que a missão espacial foi uma farsa são tão ingênuos que podem ser rebatidos por conhecimentos básicos de física e fotografia. A seguir examinamos estes argumentos.



Os argumentos fotográficos (I)

Qual o problema com as sombras na Lua?


Nós só vemos os objetos porque eles refletem a luz em direção aos nossos olhos. Se você está em um quarto escuro de paredes escuras iluminado por uma fonte única de luz, nada que esteja sob sua sombra será visível já que esta região não recebe luz alguma que possa ser refletida. Esta é uma situação pouco comum na Terra onde, além da luz direta do Sol, somos banhados pela luz refletida na atmosfera, nas nuvens, no solo, etc, de forma que as sombras, na maior parte das vezes, são na verdade penumbras, ou seja não são áreas de total ausência de luz. Mas se na Lua não há atmosfera para espalhar a luz e toda a iluminação provém unicamente do disco solar pairando no céu negro, seria de se esperar que as sombras fossem absolutamente negras, regiões de total ausência de luz nas quais nada fosse visível. Então como é possível enxergar os astronautas sob a sombra do módulo lunar (como na figura abaixo)? Como é possível ver, em algumas fotos, a frente do astronauta quando ele tem o Sol às suas costas?

A explicação é simples: assim como na Terra, o Sol não é a única fonte de luz na Lua. O solo lunar é formado de silicatos brilhantes que refletem de volta uma parte considerável da luz do Sol, funcionando como uma grande fonte de luz indireta. O efeito é o mesmo que se observa na Terra quando a luz do Sol incide sobre a areia branca da praia ou sob uma superfície coberta de neve (quanto mais branco é o solo mais luz é refletida, por isso esquiadores têm que usar óculos escuros especiais). A fuselagem brilhante do módulo lunar e a cor branca do traje espacial do astronauta que tira a foto ajudam ainda mais na iluminação indireta, em um efeito parecido com o de um assistente que segura uma folha laminada junto a um modelo sendo fotografado. E não se pode esquecer que a própria Terra, com sua cobertura de nuvens brancas e muito maior no céu da Lua do que a Lua aqui (ainda que não tão brilhante), ajuda um pouquinho mais na iluminação da noite ensolarada da Lua.

Outro problema levantado pelos conspiracionistas é que em muitas fotos as sombras projetadas pelos astronautas parecem ter comprimentos e direções diferentes, sugerindo que a filmagem foi realizada em estúdio com mais de uma fonte de luz. As fotos clássicas são estas ao lado (ei...mas se houvesse dois refletores cada astronauta não teria duas sombras?).

A explicação para o problema do tamanho das sombras é bastante simples. Primeiramente é importante notar que o terreno lunar não é nada plano, mas cheio de montes, montículos e crateras que muitas vezes são pouco evidentes nas fotos, especialmente nas de menor resolução. Além disso, devemos nos lembrar que uma pessoa em uma elevação lança uma sombra maior do que uma pessoa em um ponto mais baixo. A diferença de tamanho entre as sombras será mais acentuada quanto mais baixo no horizonte estiver o Sol. A figura abaixo ilustra a situação com um modelo em 3D; na imagem os dois bonecos têm a mesma altura e estão a uma mesma distância da borda anterior, de onde vem a luz.

Isto explica o tamanho das sombras na primeira das fotos acima, mas o que dizer das direções delas? O que acontece é que duas sombras vistas em uma foto ou em qualquer representação plana de fato não serão paralelas se estiverem sobre duas superfícies não paralelas. Perceba no modelo 3D acima como a sombra projetada na superfície inclinada parece mudar de direção quando ela encontra a base da elevação. Agora observe as duas imagens abaixo, uma delas de um modelo da superfície lunar que construímos para mostrar este detalhe.



Finalmente, para eliminar qualquer dúvida: acompanhe as duas seqüências de imagens abaixo (retiradas de www.clavius.org, o mais completo site dedicado a combater os argumentos conspiracionistas). Todas as fotos foram tiradas em um terreno praticamente plano. Veja como, à medida que a câmera se afasta é impossível dizer o ângulo real que a sombra faz com o objeto. Na primeira seqüência vê-se que a sombra da rocha faz com a estaca um ângulo de mais ou menos 15 graus. Já na segunda foto, tirada a 20 metros, a sombra da pedra e da estaca parecem quase horizontais. Na segunda seqüência as sombras da pedra e da haste fincada no solo, que são perfeitamente paralelas na vista aérea da primeira foto, parecem ter direções completamente diferentes quando a foto é tirada a 17 metros. Novamente a sombra da pedra, por ser mais curta, parece praticamente horizontal.



Além de tudo isso ainda é preciso levar em conta o efeito da perspectiva sobre as sombras paralelas de mesmo comprimento. Veja a foto ao lado.

Agora observe a foto abaixo, exaustivamente usada pelos conspiracionistas para mostrar como as sombras estão "erradas". Em vista do que mostramos você ainda acha que as sombras nesta foto deveriam realmente ser paralelas?


Os argumentos fotográficos (II)

Onde foram parar as estrelas?
Por que não se vê estrelas em nenhuma das fotos tiradas pelos astronautas? Afinal, com céu límpido e sem nenhuma outra fonte de luz para ofuscar as estrelas além do disco solar (e da azulíssima Terra), seria de se esperar que as fotos e filmagens exibissem um fundo estrelado pelo menos tão belo quanto aqueles que vemos nas áreas rurais. Em vez disso não se vê nada a não ser uma negritude absoluta. Seria esta uma evidência de que a filmagem foi forjada dentro de um estúdio? Ou teriam sido as estrelas apagadas das fotografias para não revelar o local aonde a farsa foi montada?



Para aqueles com conhecimentos mínimos em fotografia, este fato não esconde conspiração alguma. É bem conhecido o fato de que para fotografar objetos que emitem pouca luz, como estrelas, é preciso aumentar o tempo de exposição da imagem para que uma maior quantidade de luz passe pelo obturador da máquina e impressione o filme (ou utilizar um "filme rápido" que se sensibilize mais rapidamente, diminuindo o tempo de exposição). É claro que isto é um problema se você quer, na mesma foto, retratar objetos zilhões de vezes mais brilhantes, como uma enorme Lua cheia ou astronautas em roupas brancas reluzentes andando em um terreno brilhante. Neste caso o excesso de luz acabaria "lavando" a imagem, tornando a foto borrada.

Só para comparação, em 1967 a sonda não tripulada Surveyor, enviada à Lua para investigar se o local escolhido para o pouso era apropriado, tirou diversas fotos do céu estrelado para orientação futura, mas para isso precisou utilizar um tempo de exposição de quase 3 minutos. Este tempo foi simplesmente 45000 vezes maior do que o tempo de exposição (0,004 s) das fotos tiradas pelos astronautas.

Por que aquelas linhas estão atrás dos objetos?

As lentes da máquina usada na Lua possuíam finas linhas em forma de cruz utilizadas para fazer medidas de distância. É evidente que estas cruzetas, ficando entre a luz e o filme, deveriam aparecer sempre por cima das imagens. Mas então como explicar as marcas que aparecem por baixo de alguns objetos em certas fotos? Será que a NASA manipulou estas imagens adicionando desastradamente as imagens por sobre as marcas? Responder esta pergunta é fácil. Bem mais difícil seria responder porque a NASA faria isso se estivesse empenhada em forjar estas fotos.



Novamente tudo o que é necessário é um mínimo de conhecimento de fotografia. Assim como a tinta de uma caneta tinteiro faz um pequeno borrão sobre o papel se você mantiver sua ponta por muito tempo no mesmo local, a luz também "borra" o filme espalhando-se sobre as áreas adjacentes da imagem caso sua quantidade seja muito grande. Realmente, observando as fotos com um pouco mais de cuidado, é possível perceber que as cruzetas parecem sobrepostas somente quando o objeto atrás delas é branco. Podemos concluir que a grande quantidade de luz refletida por estas áreas brancas "escorreu", ou seja, sensibilizou a área vizinha do filme preenchendo as tênues linhas. A ampliação ao lado, em que a linha reaparece por detrás da área brilhante, encerra o caso.

Existem fotos onde o fundo é idêntico, mas o módulo lunar só aparece em uma delas!

Finalmente a prova inquestionável da farsa, dizem os conspiracionistas: duas fotos com o mesmo fundo, uma como o módulo lunar outra sem ele! Que descuido da NASA!



 Antes de mais nada, é muito difícil afirmar que duas fotos foram tiradas exatamente no mesmo local com base apenas em um distante fundo montanhoso, e qualquer exercício deste tipo é maliciosamente falacioso. Como exemplo compare as duas fotos ao lado - A árvore não aparece na foto da direita, embora o fundo seja o mesmo. Será esta foto uma fraude? (fonte). Neste caso o engano conspiracionista vai mais longe: as fotos não têm o mesmo fundo. Na verdade, elas são ampliações das regiões centrais das fotos mostradas abaixo cortadas de maneira a parecerem iguais. Analisando as originais é possível perceber que as duas foram tiradas em locais diferentes embora evidentemente próximos, talvez várias dezenas de metros uma da outra.



Onde foi parar a Terra nas fotos lunares?
Algumas pessoas afirmam que a Terra não aparece em nenhuma das filmagens. Bem, isso simplesmente não é verdadeiro, como se pode ver nas imagens abaixo.



Outros reconhecem que a Terra aparece em algumas fotos, mas não se convencem que as imagens são realmente do nosso planeta. Como a Terra é muito maior do que a Lua, estas pessoas esperavam ver um imenso disco terrestre nas fotos e não aquele pontinho decepcionante.

Se por um lado é verdade que a Terra cheia na Lua é 13,5 vezes maior do que a Lua cheia na Terra, por outro lado não é tão simples assim captar este esplendor em uma foto. Como sabem todos aqueles que já se frustraram ao tentar capturar uma belo luar com uma máquina doméstica, o tamanho da Lua em uma fotografia varia de acordo com o tamanho da lente que se usa. Máquinas domésticas geralmente possuem lentes de 50mm o que faz da Lua apenas um pontinho mirrado de luz. A imagem abaixo mostra o tamanho aparente da Lua de acordo com o tipo de lente. A lente usada pelos astronautas era de 70 mm então você já sabe o que esperar.

Como as fotos ficaram tão boas?
Para manter as mãos livres as máquinas fotográficas dos astronautas ficavam presas ao peito. Isso fazia com que eles tivessem que mover o corpo todo para enquadrar uma foto, o que certamente era um bocado difícil. Mas então como os astronautas conseguiram fazer registros tão perfeitos da Lua?

Em primeiro lugar: muito treino. Os astronautas evidentemente treinaram exaustivamente todos os detalhes da missão, inclusive este. Mas mesmo que a prática não leve à perfeição não é possível dizer que dentre as 17.000 fotos tiradas não havia algumas cabeças cortadas aqui e ali, só porque estas fotos não foram publicadas nos jornais, não é verdade? Além disso, como seria de se esperar, mesmo as melhores fotos usadas pela imprensa foram tratadas, centradas e enquadradas.


Os argumentos físicos (I)

Por que a bandeira está tremulando se não há vento?
Que fraude descuidada seria aquela que mostrasse uma bandeira tremulando ao vento como em uma praia, quando até uma criança sabe que não há vento na Lua. Pois os conspiracionistas defendem que em plena gravação da farsa, um assistente distraído deixou a porta do estúdio aberta; um ventinho fortuito entrou e... ninguém percebeu até ser muito tarde!

Farsa ou não, a verdade é que, ao contrário do que dizem os conspiracionistas, só é possível ver a bandeira americana balançando ou quando o astronauta tenta fincá-la no solo -- que era bem mais duro do que eles imaginavam -- rodando sua haste de um lado para o outro como uma barraca de praia, ou imediatamente depois de fazer isto, quando a haste flexível da bandeira ainda tinha algum movimento residual (muito pouco atenuado no vácuo lunar). Nas demais cenas o pano da bandeira parece balançar, mas está apenas artificialmente esticado.

Assim como eu e você, os engenheiros da NASA também sabiam que um pedaço de tecido não se manteria esticado na ausência de vento, por isso dotaram a bandeira de uma haste articulada horizontal (que pode ser vista claramente na foto acima). Na primeira missão os astronautas não conseguiram armar completamente esta haste e foram obrigados a manter a bandeira semi-esticada como uma persiana. O problema é que gostaram tanto do efeito que o repetiram propositalmente nas outras missões. É irônico que a tentativa de imitar a realidade terrestre tenha criado dúvidas sobre a realidade lunar...

Para saber mais sobre a bandeira americana na Lua, incluindo os aspectos políticos de se usar uma bandeira representando os EUA e não o mundo, leia o artigo "Where No Flag Has Gone Before: Political and Technical Aspects of Placing a Flag on the Moon".

Que filme fotográfico é este, que resiste a temperaturas tão elevadas?
Apesar de estar quase à mesma distância do Sol do que a Terra, a Lua não possui uma atmosfera para filtrar os raios solares. Como a luz solar atinge diretamente a superfície, a temperatura durante o dia lunar pode passar tranqüilamente de 100°C. Um dos principais argumentos dos conspiracionistas é de que não existe até hoje um filme fotográfico que resista à estas temperaturas. Para provar este argumento Bill Kaysing costuma contar a história de um amigo que colocou o filme de sua máquina dentro de um forno e o derreteu completamente.

Em primeiro lugar, ao contrário do que pensam os conspiracionistas, os cientistas da NASA são razoavelmente espertos e, pelo mesmo motivo que os beduínos não cruzam o deserto do Saara ao meio dia, também os astronautas não foram à Lua com o Sol a pino, mas em uma manhã lunar (lembrando que o dia lunar dura duas semanas terrestres), com a temperatura bem mais baixa.

Em segundo lugar é preciso entender que 100 graus na Lua são bem diferentes de 100 graus dentro de um forno, como pensa o ingênuo Kaysing. No interior de um forno o calor é conduzido através do ar por condução (o ar aquece o que está em contato com ele) e por convecção (o ar quente sobe e o frio desce), mas sem ar a única maneira que resta para transmitir o calor é através de irradiação, ou seja, a luz precisa incidir sobre o material para aquecê-lo. Por isso, ao mesmo tempo que no vácuo lunar a temperatura é muito alta também é relativamente fácil manter algo resfriado, basta utilizar um recipiente branco ou espelhado que reflita a maior quantidade possível da luz incidente. Assim, pelo mesmo motivo que na Terra as caixas de isopor são brancas e as garrafas térmicas têm seu interior espelhado, na Lua a câmera fotográfica era mantida em um compartimento refratário à luz (isso também explica porque a roupa dos astronautas era branca).

É claro que por mais bem protegido que fosse, o filme levado à Lua ainda precisaria resistir à temperaturas mais altas do que o normal para os padrões terrestres, por isso não foi, como você já deveria esperar, comprado em uma lojinha de Houston, mas projetado sob medida para a NASA pela Kodak. Se você ainda não encontra este filme para comprar naquela lojinha de Houston é porque o turismo espacial ainda não é muito popular.

Pegadas na Lua?
Se você já caminhou em uma praia, notou que suas pegadas ficavam muito mais nítidas na areia úmida do que na areia seca e fofa. De fato, na Terra as pequenas gotas d'água funcionam como aglutinador para as partículas de areia permitindo que se mantenham coesas. Mas e na Lua? Sem umidade, como se formaram aquelas pegadas tão bem definidas dos astronautas?

Aqui a questão é um pouco mais complicada. O solo lunar é formado em sua maior parte de silicatos, uma categoria de material que forma longas cadeias de moléculas. Quando estas cadeias são rompidas, digamos, pelo impacto de uma bota, suas extremidades ficam livres para se combinar com outros elementos. Na Terra elas rapidamente se combinariam com o oxigênio do ar formando óxidos (processo conhecido por oxidação), mas na Lua, sem uma atmosfera gasosa, as partículas acabam por se recombinar com as outras partículas vizinhas deslocadas pelo impacto, como se fossem - mal comparando - um longo velcro de moléculas que se rearruma.

Por que não há poeira sobre os trens de pouso do módulo lunar?
É de se imaginar que os gases expelidos pelos foguetes do módulo lunar durante sua descida tivessem jogado para o alto uma grande quantidade de poeira. A ausência de pó sobre o trem de pouso seria a prova de que o módulo lunar foi cuidadosamente posicionado em sua locação.

Como se vê, há alguma poeira. Mas não tanta quanto gostariam os conspiracionistas.

Novamente os conspiracionistas parecem usar conhecimentos físicos adquiridos nos filmes de ficção científica. Pois pelo mesmo motivo que não há explosões ruidosas e esfumaçadas no espaço quando uma nave do Império atinge um caça Rebelde, no vácuo lunar não há como a poeira permanecer flutuando em suspensão até eventualmente se depositar sobre uma superfície; sem a resistência do ar toda a poeira que tivesse sido deslocada pelos foguetes cairia tão rapidamente quanto uma pedra. Ainda mais importante: como os foguetes do módulo lunar não produziam nenhum deslocamento de ar (pois não há ar) as únicas partículas de poeira que se moveram foram aquelas diretamente no caminho dos gases expelidos. A situação é completamente diferente de um helicóptero pousando em um deserto, com toda aquela turbulência criando redemoinhos de areia.

A idéia de uma descida espalhafatosa fez com que os conspiracionistas esperassem ver uma grande cratera sob os foguetes do módulo lunar. Bem, as fotos mostram marcas, mas elas não são tão fundas quanto os leigos gostariam. Para explicar a falta de marcas profundas é preciso lembrar que o módulo lunar possuía sensores na forma de cabos em 3 das 4 plataformas de pouso. Quando um destes cabos tocava o solo uma sinal era enviado à cabine de comando indicando ao piloto que era o momento de desligar os jatos. Como o módulo lunar atingia o solo com seus foguetes desligados, as marcas de aterrisagem e a poeira geradas foram muito menores do que a fantasia pressupõe.

Como o Módulo Lunar conseguiu decolar de volta?
No país em que todos são técnicos de futebol também há alguns cientistas espaciais. Alguns deles, como o autor do site www.afarsadoseculo.com.br, olham para o módulo lunar e audaciosamente escrevem: "Você crê que aí dentro há combustível suficiente para alimentar um propulsor?"

A gravidade na Lua, como você já foi ouviu falar é 6 vezes menor do que na Terra. Isto significa que a velocidade para que alguma coisa, qualquer coisa, escape da superfície da Lua é muito mais baixa do que na Terra; tão baixa na verdade que a Lua não consegue manter nem sequer umas poucas moléculas de gás para formar uma atmosfera; escapam todas para o espaço. Por isso não foi preciso muito combustível para impulsionar o módulo lunar; bastava um "empurrãozinho" para lançá-lo de volta à Terra. Além disso, como não há atmosfera na Lua também não há resistência do ar nem a necessidade de que o módulo lunar fosse aerodinâmico.

Os argumentos físicos (II)

Há uma pedra com uma letra "C" gravada!
De fato uma das fotos da Missão Apolo 16 é possível ver o que parece ser uma letra "C" gravada em uma pedra. Conspiracionistas vêem nisto a prova de que esta pedra é parte do cenário teatral montado para a farsa.

O site www.lunaranomalies.com investigou os negativos das fotos armazenados em três diferentes Arquivos Públicos americanos e descobriu que a marca não aparece em nenhum deles (curiosamente este site crê em diversas outras teorias conspiratórias, como sinais de UFOs que teriam sido encontrados na Lua e mantidos em segredo pela NASA, mas é um dos mais devotados a desmistificar o mito de que o homem nunca esteve lá, afinal este é um pré-requisito para as suas teorias!). Ampliando a foto impressa os investigadores concluíram a marca na pedra era um fio de fibra que havia se depositado sobre o filme antes da revelação, o que pode ser constatado pela imagem abaixo. Repare como o fio projeta uma sombra atrás de si, na parte superior.

Como os astronautas suportaram a radiação espacial?
Foi em 1958, logo no início da corrida espacial, que os cientistas descobriram que nosso planeta é circundado por uma grande nuvem de partículas carregadas - prótons em sua maioria, aprisionados pelo campo magnético terrestre. Esta nuvem de forma toroidal foi denominada cinturão de Van Allen, em homenagem ao seu descobridor.

Um dos argumentos mais utilizados pelos conspiracionistas em sua teoria é que esta rosquinha de radiação espacial seria mortal para os astronautas que tentassem atravessá-la, a não ser que estivessem protegidos por pesadas camadas de chumbo. Esta impossibilidade física, segundo eles, é a prova irrefutável de que o homem nunca chegou à Lua. Vejamos...

O problema das partículas carregadas é que aquelas com alta energia e pequeno diâmetro conseguem atravessar a pele e provocar danos nas células. O organismo humano tem capacidade de se recuperar da maior parte dos estragos, mas se eles forem muito grandes, ou se acumularem devido a uma exposição prolongada, certamente evoluirão para uma forma de câncer. O segredo então está em manter a dose de radiação recebida em níveis toleráveis pelo organismo, diminuindo a energia das partículas ou o tempo de exposição.

Talvez você já soubesse disto, afinal já ouviu falar dos perigos de permanecer muito tempo sob os raios ultravioletas do Sol e já viu o seu dentista se esconder atrás de uma parede de chumbo durante uma radiografia. A pegadinha é que a radiação do cinturão de Van Allen não é da mesma natureza dos raios-X do dentista ou dos raios ultravioletas do Sol. Estas são chamadas de radiação ionizante, e são diferentes da radiação das partículas carregadas de que estamos falando. Para estar protegido da radiação de raios-x, raios gama ou kriptonita (que felizmente representa perigo apenas para o Super-Homem) é preciso uma grossa camada de chumbo ou concreto. Já no caso das partículas carregadas, uma folha de papelão ou no máximo 1 centímetro de metal ou plástico é suficiente pra uma proteção adequada. Por isso não se engane da próxima vez que alguém lhe disser que a nave Apolo precisaria de uma parede de 2 metros de chumbo para proteger os astronautas. Na verdade, ao contrário do que está escrito nos livros de física que os conspiracionistas lêem (não nos esqueçamos dos gibis: foram os raios cósmicos que transformaram quatro astronautas a caminho da Lua nos Quatro Fantásticos), quanto mais grossa a camada e mais pesado o metal, menos efetiva se torna a proteção contra partículas carregadas, já que o bombardeio das partículas contra o metal é justamente o que gera os perigosos raios-x; assim são gerados, por exemplo, os raios-x do aparelho do seu dentista.

Depois de um cuidadoso mapeamento do cinturão de Van Allen, os cientistas da NASA concluíram que, desde que os astronautas atravessassem a região muito rapidamente e o fizessem onde o cinturão é mais fino, a dose de radiação recebida dentro da espaçonave seria muito pequena para representar perigo. Sobre este assunto você pode acompanhar os cálculos (bem técnicos) sobre a dose de radiação recebida pelos astronautas no site do Caltech ou ler o artigo "Biomedical Results Of Apollo - Radiation Protection And Instrumentation", da NASA, que discorre sobre as diversas fontes de radiação no espaço e o perigo que elas representaram para a missão.

Por que nem sempre há intervalo na conversação dos astronautas com a base?
Um sinal de rádio viaja na velocidade da luz. Isto quer dizer que alguém transmitindo da Lua precisaria esperar seu sinal atravessar a imensa distância que o separa da Terra e depois esperar que o sinal da resposta fizesse o caminho de volta. Como a velocidade da luz é de 300.000 km/s e a distância média entre a Terra e a Lua de 380.000 km, o tempo mínimo entre uma pergunta e uma resposta é de 2,4 s. Ou seja: seria de se esperar que houvesse uma pausa de pouco mais de dois segundos em toda comunicação travada entre a base e os astronautas, mas não é isso o que se ouve. Outra falha grosseira da NASA em sua falsificação? Não exatamente.

Imagine que você está aqui na Terra, gravando sua conversa com alguém na Lua. Seu amigo fala na Lua e 1 segundo depois, tão logo ouve a pergunta, você dá a resposta. Perceba que neste instante não haverá na gravação da conversa nenhum intervalo entre pergunta e resposta. A partir daí haverá uma demora de 1 segundo para sua mensagem chegar a Lua e mais outro segundo para você ouvir a réplica do astronauta, deixando, agora sim, um intervalo de pouco mais de 2 segundos na fita. A figura ao lado ajuda a entender o processo.

Mas "2001 Uma Odisséia no Espaço" é tão realista...
O clássico dos clássicos "2001 Uma Odisséia no Espaço", de Stanley Kubrik, foi lançado um ano antes da chegada do homem à Lua. A cena em que o astronauta caminha na Lua é tão realista que muita gente considera esta a prova de que a NASA não teria tido dificuldade em forjar a ida do homem à Lua. Tem até gente que vê no senhor fora de foco escondido no fundo da foto abaixo, semelhança tão grande com o Stanley Kubrick (à direita) que diz que esta é a evidência de que o diretor estava furtivamente envolvido na armação. Na nossa opinião a única coisa semelhante nos dois senhores é a calvície iminente, mas para os que acham esta uma semelhança suficientemente suspeita, uma foto anterior, tirada de outro ângulo, mostra que o homem abaixado definitivamente não é o diretor de cinema. Clique nas imagens para ver as fotos originais ampliadas.


Outro filme muito comentado é "Capricórnio 1" sobre uma equipe da NASA que forja a ida do homem à Marte. O filme foi feito em 1978, quase uma década depois da chegada do homem à Lua, e as semelhanças com as filmagens feitas pela Missão Apolo são grandes, como seria de se esperar de um filme que tenta ser o mais realista possível.

Tudo bem, então porque o homem nunca voltou lá?
Nossa pergunta final é: se o homem realmente foi à Lua nas décadas de 60 e 70 então porque nunca mais retornou? Porque a viagem à Lua não é uma coisa corriqueira hoje em dia?

Não se iluda, a corrida espacial não teve esse nome à toa. Ela não foi um empreendimento científico e sim uma missão militar com o único objetivo de atestar a superioridade da nação (e do regime de governo) que primeiro levasse um homem à Lua. Vencida a corrida e de posse do troféu, os EUA se voltaram para assuntos mais práticos, especialmente a guerra do Vietnã, que já se tornava um grande atoleiro. O desinteresse do povo americano em ver astronautas indo e voltando com nada além de pedras (infelizmente nada de monolitos negros...) era tanto que nem as redes de televisão ocupavam mais seu espaço com as transmissões dos lançamentos.

Além disso, ir à Lua não é barato. Vinte e cinco bilhões de dólares foram gastos no programa Apollo, o que corresponderia a mais ou menos 100 bilhões hoje. Mesmo que a maior parte deste custo tenha servido mais para capacitar a NASA às futuras viagens espaciais do que simplesmente colocar o homem na Lua, é muito mais barato, rápido e seguro enviar sondas e robôs para terminar o serviço de exploração. Enquanto isso, o dinheiro dos contribuintes americanos pode ser melhor aplicado em saúde, combate à fome e armas, não necessariamente nesta ordem.

Conclusão

Vinte e quatro astronautas estiveram na Lua ou próximos dela. Dezenas de milhares de fotos foram tiradas. Centenas de engenheiros, cientistas, biólogos, psicólogos e pessoas de todas as áreas de formação trabalharam diretamente no programa espacial. Cientistas do mundo todo analisaram exaustivamente as rochas trazidas da Lua, artefatos impossíveis de serem falsificados dadas as condições únicas de ausência de oxigênio em que se desenvolveram; os mesmos cientistas conheciam o cinturão de Van Allen tão bem quanto os americanos e saberiam se ele fosse realmente intransponível. A nave Apolo cruzou o céu como um ponto brilhante de luz na frente de milhões de pessoas de todas as nacionalidades e foi acompanhada pelos radares de todo o mundo, inclusive dos russos, que certamente estavam prestando muita atenção ao evento.

Enquanto isso, os conspiracionistas dizem que a NASA gastou bilhões de dólares em uma encenação que, a julgar pelos argumentos, estava à altura dos piores filmes B de todos os tempos (sombras nas direções erradas, decalques da Terra na janela da cabine espacial, ventos furtivos no estúdio e alguém até esqueceu de pintar as estrelas!); um filme de Ed Wood só que com um orçamento bilionário. Dizem os conspiracionistas que toda a comunidade científica do planeta foi ludibriada; todos menos eles, uns poucos leigos sem nenhuma formação científica. Algo como se alguém tivesse vestido uma fantasia de Papai Noel e enganado todos os universitários mas não as crianças do jardim da infância.


Esta é realmente falsa. Nota-se pelas estrelas ao fundo...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O mundo sem Engenheiros
















































































































































































Engenharia é a grande luz da Academia, é faculdade onde há saber e amizade...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

MAITÊ PROENÇA!

MAITÊ PROENÇA!

Há muitos muitos anos, nós, portugueses, com grandes embarcações e sem medo de nada, descobrimos o mundo.
Um dia chegamos a um país quente, onde as praias eram paradisiacas, onde as pessoas andavam nuas, com a cara pintada e grunhiam para comunicar. Era o Brasil.
Pegamos nos teus familiares e ensinamo-los a sentar à mesa, a comer com talheres, a falar (o português que ainda hoje falam), a vestirem-se e a conviver em sociedade.
Demos um nome à vossa terra, uma lingua à vossa gente e um rei para vos governar.
No inicio do teu video provas que estás em Portugal mostrando o número de uma porta colocado ao contrário. Pois bem, eu achei por bem mostrar ao povo português sinais do Brasil, assim, quando eles estiverem no teu país, não terão duvidas quanto a isso. O português é das linguas mais complicadas e mais belas do mundo e o povo brasileiro há anos que não consegue ter uma relação saudável com a lingua mãe.
Para ajudar os portugueses irei traduzir de brasileiro para português o que as imagens falam.
Aproveita e aprende. Faz-te bem à alma.
Espley é spray. Não é português de nascença, mas é de uso mundial.
Facio é fácil, dificio é dificil e efectivamente no Brasil, complicado é ser virgem ou vige, como se diz por aí.
Hurinar é urinar. Para vós, brasileiros, sempre que se usa um orgão genital tem que se pagar. Isso é sabido por todos nós.
Aroiz é arroz. Tomati é tomate. Assucra é açucar. Mandioka é mandioca. Sim, é complicado para nós tentar cozinhar o que quer que seja com esses condimentos. Eles não existem.
Felisidade é felicidade. Como no Brasil não se usa muito, nós por cá entendemos o erro.
Ceja é seja. Esprimente é experimente. Agora, sejam humildes e experimentem aprender um pouco de português.
Sebola é cebola. Sebola é melhor porque não faz chorar, apenas e só porque não existe. Melansia é melancia. Ou é um fruto que nós não conhecemos ou é mais um pontapé na lingua portuguesa. É mais um pontapé.
A Maitê na Playboy é gozo pessoal de português.
Salazar foi eleito o melhor português de sempre. A Maitê ironizou.
Salazar foi licenciado em Direito na Universidade de Coimbra. Coimbra é "só" a mais consagrada escola de Direito de Portugal.
Salazar conseguiu que Portugal fosse país neutro na Segunda Guerra Mundial. Só por isso evitou milhares de mortes. Talvez mereça o titulo de melhor português, não?
O Lula foi eleito democraticamente Presidente do Brasil.
Lula tirou o curso técnico de torneiro mecânico e manda nesse povo todo. Irónico, não?
Lula consegue ter droga, assaltos, mortes e prostituição como não há em mais país do mundo.
O teu cameraman conseguiu chamar mar ao Tejo. E o burro sou eu?



Peço desculpa por tudo a todos.